sábado, 10 de julho de 2010

Para ser sincera começo a achar que passamos os dias a baralhar sentimentos como quem mistura as cartas de um baralho, a lançar dados só para ver a quem sai o número mais alto. Divertimo-nos a apostar que eu não te magoo mais, que tu me és indiferente, que eu não te faço falta, que tu não tens saudades minhas, que estamos melhor um sem o outro, e quando nos apercebemos já temos o coração em jogo e já perdemos tudo o que tínhamos de melhor para oferecer, já estamos a pedir esmolas de carinho e atenção a outras pessoas, como quem luta por um ultimo fôlego, só mais um sopro de vida, porque ganhar é um vicio e apesar de algum de nós sair a perder de cada vez que competimos um contra o outro em vez de um pelo outro.
Começa o dia e lá estamos nós, a arriscar sem saber porquê, o amor não nos chega e o que nós queremos é provar que temos razão. Somos demasiado iguais, e em tudo completamente diferentes, pensei que era isso que nos afastava porque era isso que eu não suportava em ti, afinal era isso que nos mantinha unidos.



Par de Ases na mão, e que sede de vitória. É desta que te mostro que não me serves para nada, tantos meses de treino desde que me disseste que não, a tentar convencer-me do mesmo devem chegar para fingir que é verdade.
Arrisco. Como sempre, tenho a tendência inata de lutar pelas pessoas quase tanto ou mais como pela minha própria vida. Quando reconheceres que desta vez ganhei pode ser que deixes de ter vontade de brincar com o meu coração da mesma forma que o tempo e a vida brincaram com as nossas vontades.
Ainda estás em jogo, isso só pode ser um sinal... Queres ver o futuro? Compreender o que nos reserva? Ou simplesmente depreender deste jogo o porquê de tantas falhas passadas?

Não interessa, presta atenção, vai começar o flop.
Ás, Valete, Cinco.

Olha fiquei com um trio. Eu não te avisei que ia ganhar? E mesmo assim quiseste jogar à mesma.
Sorte? Chama-lhe o que bem entenderes. Mas não. Desta vez é a sério. Para mim sorte não existe meu bem. A aprendiz tornou-se mestre.
All in antes do turn. Tu igualas? Sempre foste um louco, e capaz de me levar à loucura continuas.

Rei.

E eu que nunca fui rainha contigo penso então, que apesar de louco és inteligente e eu não tinha ainda estudado as possibilidades. Gosto de me deixar levar pelos feelings e esqueço-me da matemática e da vida real. Agora é tarde de mais, já tenho quase a vida em jogo porque passei demasiado tempo a dedicar-me ao passado. E isto é a paga por brincar às incertezas, mas eu estava tão desconcentrada, tão ciente que sim, que o queria mais do que qualquer outra coisa que nem me apercebi de que ainda não tinha reunidas as condições para ser feliz em plenitude, e que talvez as condições estivessem em ti, prova mais que concreta que tive agora.


River. Pela primeira vez tenho medo. Duque.

Agora trocamos somente olhares porque nem estamos próximos o suficiente para um abraço. Estou aterrorizada mas confiante.
Deixo cair os meus dois Ases, Trio.
Tu pousas suavemente as tuas cartas. Dez, Dama.
Straight flush.



Ganhaste-me outra vez.


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